segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Eu sou eles amanhã'



Carinhosamente conhecido como 'Tremendão', o cantor e compositor Erasmo Carlos chega aos 70 anos cheio de vigor e entusiasmo. Na bagagem ele carrega alguns dos discos mais importantes da música brasileira, uma parceria imortalizada ao lado do amigo Roberto Carlos e fãs que atravessam décadas - agora acompanhados também por jovens amantes de seus discos.

Dos 70 de vida, já são 50 os anos de amor destinados à música. E agora, o maior roqueiro do Brasil, que sequer pensa em aposentadoria, tira do forno seu novo álbum, 'Sexo' (Coqueiro Verde, R$ 29,90). "É minha vida, né. Podia viver do passado, da jovem-guarda. Mas não, eu sou fascinado pelo novo. Eu quero sempre fazer coisas novas, estar na ativa, procurando novidades e usando também o que eu sei para que os outros aprendam, né", diz o músico, em entrevista ao Diário.

Após lançar o álbum 'Rock'n'Roll', em 2009, as pessoas lhe perguntavam se haveria a trilogia ‘Sexo, Drogas e Rock'n'Roll', mas segundo Erasmo, isso é coisa dos anos 1960 e hoje o mundo é outro. "Agora, por que não sexo? O tema é fascinante. Então parti para fazer sexo", brinca.

A voz calma e a simpatia transmitem uma aura de 'bon-vivant', mas se há algo que Erasmo faz mesmo é trabalhar. Além do novo álbum, uma turnê para divulgá-lo e os detalhes do lançamento do DVD que comemora os 50 anos de carreira - gravado em julho e com participação de Roberto Carlos e Marisa Monte - são algumas das atividades que listam em sua agenda.

Com arranjos deliciosos, as 12 canções que compõem 'Sexo' tratam o assunto com bom humor, ilustradas pela sabedoria de quem roda a estrada da vida há tempos. "É a experiência, né, bicho. Logicamente mudou a minha forma. Antigamente eu ia direto ao ponto turístico. Hoje não, eu faço uma viagem antes. Já visito a periferia, faço umas compras no camelô da esquina, viajo pelos montes, pelos vales, rios, pelas florestas da mulher até chegar ao Pão de Açúcar, que é o ponto turístico. A minha noite agora dura dois dias. E é maravilhoso, você aproveita muito mais", conta.

Com produção de Liminha, 'Sexo' é todo orgânico e traz ar vintage - que remete aos sons gravados nos anos 1970. Mas o trabalho está longe de soar datado. Ao mesmo tempo em que resgata certa sonoridade, o disco chega repleto de frescor e jovialidade e tudo isso de forma natural.

Toques psicodélicos temperam faixas como 'Kamasutra' - recheada por arranjos do instrumento indiano cítara. Assim como 'Roupa Suja', 'Amorticídio' também é rock no melhor estilo, para deixar qualquer apreciador babando e querendo mais.

Entre as parcerias, Nelson Motta assina duas canções ao lado de Erasmo. Adriana Calcanhotto participa com a letra de 'Seu Homem Mulher'. Arnaldo Antunes também trouxe duas letras para o disco e segue firme na parceria com o 'Tremendão'. "Encomendei as letras aos parceiros. ‘O disco vai se chamar 'Sexo', imaginem o que quiserem'. Então cada um entendeu perfeitamente. Mandei as músicas, cada um imaginou o sexo à sua maneira", explica Erasmo.

Quando olha para trás, sente orgulho do caminho que trilhou. E hoje, do alto de seus 70 anos, Erasmo espera servir de exemplo para a nova geração. "As pessoas, ouvindo o antigo, assumem como se fosse novo. Agora, é importante que saibam o que eu sou. Não adianta mostrar o que foi e não mostrar o que é. E eu sou eles amanhã, rapaz. Então, de repente, eles gostariam de ser como eu quando ficarem velhos. Quem não queria ter um pai, um avô igual a mim? Todo mundo. Um avô que conversa de sexo abertamente é um avô maravilhoso".

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