quinta-feira, 20 de outubro de 2011

A perna mecânica de Roberto Carlos Lenda ou verdade?


Caricatura de Roberto Carlos (ilustração: Bagarai)
Caricatura de Roberto Carlos (ilustração: Bagarai)
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Lenda ou verdade? Alguns dizem que é tão lenda quanto uma outra história de que Roberto Carlos usa peruca – sim, existiu esta conversa também. A verdade é que o Rei usa uma prótese, fato que ele sempre evitou comentar como tantos outros de sua vida pessoal.
Tudo aconteceu no fatídico dia de São Pedro (29 de junho de 1947), padroeiro da Cidade de Cachoeiro de Itapemirim, no Espírito Santo, onde Roberto Carlos nasceu. Portanto, era festa na cidade e como toda data comemorativa naquela época, tinha bandas tocando e muita agitação. E, claro, Zunga (apelido de Roberto na infância) não perderia oportunidade de ir prestigiar os festejos.
Fifinha (Eunice Solino) era a melhor amiga do Rei, moravam na mesma rua e costumava ir à escola juntos. Neste dia, ela foi recrutada por Roberto para ver os desfiles que agitavam a cidade.
Naqueles tempos, Cachoeiro era entrecortado por ferrovias e, portanto, era comum acidentes acontecerem. Lá, próximo ao centro, entre a rua e a linha de ferro, encontrava-se as duas crianças. Enquanto aguardavam um desfile escolar, uma professora temeu pela segurança de Zunga e Fifinha, pois elas não perceberam a aproximação de um trem que se aproximava. Mesmo gritando e sinalizando para as crianças saírem dali, a professora correu e puxou a menina, enquanto um assustado Zunga recuou e tropeçou, caindo na linha férrea – ele estava de costas para a ferrovia. Como não dava mais tempo, a professora tentou avisar o maquinista, mas já era tarde demais. A locomotiva avançou e a perna direita de Roberto Carlos ficou presa debaixo do vagão entre as rodas de metal.
Logo, uma multidão se agromerava para ver o que aconteceu. Afinal era dia de festa e provavelmente o socorro demoraria – naqueles tempos poucas pessoas tinham automóveis na cidade. Mesmo assim populares tentaram tirar a perna da criança, o que conseguiram com muito custo. Graças a um rapaz que trabalhava no Banco de Crédito Real, vendo que não dava para esperar a ambulância, ele mesmo estancou a hemorragia com seu paletó de linho branco. Roberto Carlos nunca esqueceu dessa cena e a registrou em uma de suas mais comoventes canções, O Divã: “”Relembro bem a festa, o apito/ e na multidão um grito/ o sangue no linho branco…”.
O mesmo rapaz do “linho branco” chamado Renato Spíndola levou Zunga para o hospital (Santa Casa de Misericórdia). Dizem que a festa perdeu a graça naquele dia. Tudo bem, que era comum acidentes, mas geralmente eram bêbados que se acidentavam, nunca até então acontecera com uma criança – o Zunga da rua da Biquinha.
Roberto Carlos foi atendido pelo médico Romildo Coelho, que se tornara amigo do cantor. O acidente fez com que a perna direita perdesse a sensibilidade, pois fora esmagada arrancando todos os nervos, por isso a criança não chorava muito. Zunga, ao ser atendido, estava muito mais preocupado com os sapatos novos que tinha ganhado para ir a festa do que com a sua perna, a qual ele não tinha noção da gravidade.
Na verdade, Roberto Carlos teve muita sorte, porque era comum nestes casos amputar a perna. Mas o Dr. Romildo era um sujeito moderno e havia lido um artigo médico que dizia que devia-se cortar o mínimo possível os membros acidentados. Portanto, apenas entre o terço médio e o superior da canela foi amputado e um pouco abaixo colocaram uma roda de metal, o que impediu Roberto de perder os movimentos do joelho direito.
Roberto Carlos passou o resto da infância andando de muleta, e apenas aos 15 anos colocaria a primeira prótese, quando já morava no Rio de Janeiro.
Existem várias versões sobre o acidente com Roberto Carlos, algumas aproximam do que realmente aconteceu e outras parecem mais piada como a de que quando Roberto Carlos era da turma da Tijuca, junto aos amigos Tim Maia, Erasmo Carlos, Jorge Bem, em uma tentativa de assalto, na correria, ficou para trás e levou um tiro de policiais. Absurdo? Claro, mas ainda existe pessoas que afirma que foi verdade. Outra é que ele, ao pegar carona no trem para chegar mais rápido, acabou caindo ao pular na hora errada. E há a confusão que fazem de qual foi a perna acidentada.
Há muitas informações que se desencontram a respeito da perna de Roberto Carlos. Boa parte do que foi relatado aqui, teve como fonte o livro “Roberto Carlos em Detalhes”, de 2006, do jornalista Paulo César de Araújo, fruto de 15 anos de pesquisa e dedicação. No livro, ele entra em pormenores sobre o acontecimento.

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